Por Julio Zamparetti
Devido a minha postura assumidamente ecumênica, algumas pessoas evangélicas me perguntam, você reza ou ora? Prontamente lhes respondo: rezo e oro.
Eu tanto rezo quanto oro porque, em primeiro lugar, rezar e orar são sinônimos desde suas raízes latinas: orar vem do termo orare que significa pronunciar uma fórmula ritual, oração, frase, enquanto rezar vem do latim recitare de onde temos o verbo recitar que significa dizer (orar) em alta voz.
No Brasil criou-se por parte dos evangélicos a distinção entre os termos, conotando-se à palavra rezar o ato de se fazer orações decoradas. Ironicamente, as orações recitadas não sofrem, por parte destes, qualquer relação com o termo rezar. O hábito de recitar salmos e versículos lhes é comum, porém, mesmo fazendo, não admitem que estão rezando!
À palavra orar foi dado o sentido de fazer orações espontâneas. Entretanto, o sentido original da palavra, que é pronunciar, permite que o termo também seja relacionado ao ato de proferir orações previamente estabelecidas e até mesmo decoradas.
Alguns argumentam que as orações decoradas não expressam o sentimento do coração. Este é, na verdade, um problema muito sério, que jamais seria resolvido com orações espontâneas. Pois não são as palavras que fazem autênticas as orações, mas sim o Espírito em que se ora. Neste ínterim, podemos comparar a oração à música, onde na maioria das vezes a melhor interpretação não se dá pelo compositor. É comum vermos intérpretes expressarem muito mais sentimento e originalidade que o próprio autor da música.
Eu gosto de recitar (rezar) Salmos, o Pai Nosso e outros textos bíblicos. Tenho alguns deles decorados e comumente os uso em meus devocionais. Honestamente, me acho incapaz de fazer orações melhores que estas. É nas Escrituras Sagradas que encontro as mais perfeitas expressões dos sentimentos de minha alma.
Também gosto de recitar, repetidas vezes, versículos e orações breves. Há quem condene isso por dizer se tratar de “vãs repetições”, tal qual descritas por Jesus em Mateus 6.7. O problema dessa acusação é que ela não expressa a verdade que Jesus estava retratando. Jesus não estava criticando as orações repetidas, mas sim o pensamento de quem deseja impor sua própria vontade sobre a vontade de Deus através de muitas palavras. O que Jesus está dizendo é que é o espírito do orador e não as palavras proferidas que torna as repetições vãs. E neste aspecto podemos dizer sem medo de errar que muitas orações espontâneas não passam de vãs repetições. E haja repetições de “aleluias”, “glórias a Deus”, “louvado sejas” e glossolalias para preencher o tempo de oração! Pois pensam que pelo tempo que gastam e seu muito falar serão ouvidos por Deus.
Não há nada de errado em orar/rezar repetidamente. O erro está em nossas motivações que fazem com que as repetições e qualquer forma de oração tornem-se vãs. O próprio Jesus ensinou a pedir repetidamente, de forma insistente, conforme vemos em Lucas 11.5-8. Se isso já não bastasse, Ele mesmo orou repetindo, por aproximadamente três horas, as mesmas palavras: “E, indo um pouco adiante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres. E, indo segunda vez, orou, dizendo: Meu Pai, se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade. E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras” (Mateus 26.39,42,44).
Seja recitando, rezando, declamando, orando, cantando, clamando ou agradecendo de forma espontânea, lida ou decorada; em pensamento, falando ou se calando: achegue-se a Deus e Ele se achegará a você.
Rezar e orar é culturalmente,como você hava dito já, termos em latim.. mas prefiro ficar com o termo em inglês "Pray" que não faz distinção de Orar e rezar, é termo único. Rezar e Orar só fez separar mais ainda duas religiões aqui no Brasil.
ResponderExcluirParabéns pelo Post. Já tive que responder esta pergunta também. Peço permissão para colocar este post em meu Blog. Mas como vc mesmo já me escreveu um dia, tudo que está na Net é público. Assim sendo...
ResponderExcluirhttp://eugeniochristi.blogspot.com/
Disponha! Citando a fonte, está tudo certo!
ResponderExcluir