terça-feira, 8 de março de 2011

CONTRA QUEL LUTAMOS (II) Demônios feitos por mãos humanas

Por Julio Zamparetti

Demônios - Feitos por mãos humanas

Quando digo que o Termo “demônio” não ocorre no Antigo Testamento, alguém poderia objetar, afirmando que o mesmo ocorre no plural em Levítico 17:7 "Nunca mais oferecerão os seus sacrifícios aos demônios, com os quais eles se prostituem; isso lhes será por estatuto perpétuo nas suas gerações", Deuteronômio 32:17 "Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus; a deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais" e Salmos 106:37 "pois imolaram seus filhos e suas filhas aos demônios". O detalhe é que esses textos foram escritos em hebraico, enquanto a palavra “demônio” tem sua origem na palavra grega “daimónion”. O termo hebraico, traduzido por demônios, nesses textos é “elilin” que significa literalmente “ocos”, e refere-se a ídolos, falsos deuses. Logo, a tradução mais adequada para essas passagens seria ídolos e não demônios. O próprio texto de Deuteronômio 32:17, como vimos, descreve “elilin” como deuses desconhecidos, deuses novos, que apareceram há pouco. Ou seja, ídolos feitos por mãos humanas, que são ocos, vazios, falsos e sem valor, “têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem” (Salmo 115:5). A razão da maioria das versões trazerem, nesses textos, o termo “demônios” em lugar de “ídolos”, dá-se por influência da “septuaginta”, versão grega do Antigo Testamento. Os gregos entendiam “elilin” como semi-deuses ou deuses de segunda categoria, isto é, demônios.

Contudo, não é de todo errado traduzir “elilin” por “demônios”. Afinal, dentro deste contexto, isso nos traz a compreensão de que “ídolos” são demônios feitos por mãos humanas. Nesse ponto não posso deixar de pensar nas palavras do apóstolo Paulo: “sabemos que um ídolo nada é no mundo” (1 Coríntios 8:4). Uma vez aceita a tradução de “elilin” como “demônios”, podemos então transcrever este versículo da seguinte forma: “sabemos que um demônio nada é no mundo”.

Comumente se ouve falar (entre os evangélicos protestantes) que os espíritos demoníacos agem “por traz (ou através) dos ídolos (imagens de escultura)”. Não quero aqui defender nenhuma prática de veneração de imagens, mas em defesa da fé baseada nas Escrituras devo dizer que a única força que opera através de uma imagem é a força que o próprio homem manifesta de si mesmo, por via daquilo que acredita. Em outras palavras, todo poder de um ídolo está na fé de quem o venera e não no próprio ídolo que, na verdade, nada é. Assim, uma escultura é apenas uma escultura até que o coração do homem a torne um ídolo. A esse respeito escreveu o profeta Isaias: “Ajoelhar-me-ia eu diante de um pedaço de árvore? Tal homem se apascenta de cinza; o seu coração enganado o iludiu, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Não é mentira aquilo em que confio?” (Isaias 44:19b,20).

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Continua na próxima terça!

Um comentário:

  1. Olá amigo ..... gostei muito da iniciativa, muito mais do tema, mais ainda da audácia da polêmica de temas que poucos querem conversar, quase ninguém pensar e dos que dialogam e pensam, não poucos tropeçam.

    A propósito, como esta sua agenda nas quintas? rss

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