quinta-feira, 10 de março de 2011

EDUCAÇÃO E TELEVISÃO

Por Luiz Antonio Silva

Eu estava assistindo o compacto do desfile das escolas de samba e pensando: “ se o compacto foi assim, o que não passou durante o desfile”. Então me lembrei de numa conversa que tive pelo msn com uma professora de Jaraguá do Sul/SC. Ela me disse que ficou pasma quando um aluno de aproximadamente 10 anos disse em sala de aula que assistia filmes pornôs. Para sua maior surpresa, outros também confirmaram o mesmo. Quando ela perguntou como eles assistiam, a resposta foi que "possuiam Sky". Isso nos incentiva a fzermos algumas perguntas: Será que os pais sabem? Porque não colocaram senha de autocensura? Será que possuem consciência do reflexo?

Divaldo Pererira Franco, criador e responsável pela Mansão do Caminho, instituição que já educou milhares de crianças, diz: "A educação não é um processo que possa ser levado a efeito quando a criatura já adquiriu hábitos." Nesta hora lembro do meu velho pai, analfabeto e sábio, na sua velha filosofia interiorana: "Filho, burro velho não pega trote", para dizer que se acerta o galho enquanto está verde, pois depois de seco ele quebra.

Dentro de minha maneira de analisar, a difusão das idéias materialistas, muitas vezes, abre portas para o desequilíbrio, trazendo profundas implicações negativas. O que percebemos é que valores nobres da família estão sendo menosprezados e ridicularizados. E a televisão tem contribuído e muito para isso!

Surge então a pergunta: deve-se acabar com a televisão? Seria ingênuo supor que críticas isoladas possam abalar o avanço da televisão. Até por que não é justo, pois não se pode extinguir um instrumento pelo mau uso que se fazem dele. Defender a volta da "censura" seria um retrocesso. A melhor censura que pode existir é as das pessoas que precisam usar discernimento na escolha dos programas, portanto saber utilizá- lá.

Se a TV mostra programas e ideias perniciosas é porque ainda carregamos idéias e desejos inferiores e como disse um grande professor e educador : "Não temos verdadeiramente, o direito de nos dizermos civilizados enquanto estimularmos os vícios que nos desonram". E quais os aspectos positivos da tv? O fato de ela ser um veículo de informações culturais, integração nacional, cultura, saúde, ciência, etc. Há tantos programas instrutivos, comprovando sua utilidade educativa e cultural! A TV, quando em sintonia com sua finalidade útil, é veiculo poderoso, transformando o mundo numa "aldeia global”.

Chegamos então à conclusão que devemos escolher e selecionar com cuidado, não só os que nossos filhos vêem, mas também os que nós, como pais, assistimos, exemplificando com nossas próprias atitudes o que consideramos seja melhor para eles. Nesta escolha, segundo a Psicologia Transpessoal, devemos lembrar que a TV desperta o subconsciente mais cedo através do bombardeio de estímulos, que provocam respostas precoces deste subconsciente, onde estão arquivadas todas as experiências do passado, seus vícios e virtudes, seus bons e maus hábitos. Será que nossas atitudes não estão acordando o urso em hibernação que está no subconsciente de nossos filhos? Na verdade a grande problemática na convivência com a televisão está na atitude conivente dos pais. A título de silenciar os filhos, fugir do diálogo, do desânimo ou do cansaço, muitos pais fazem da TV babá eletrônica, num lamentável exemplo de relaxamento de seus deveres.

Conviver com, a televisão é uma realidade da qual não podemos fugir, e a nossa reação perante esta situação é que vai definir uma convivência sadia ou perigosa. Num livro chamado O Consolador, o autor diz: “a melhor escola, ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. A tarefa é conduzir os filhos no caminho do diálogo educador, da palavra instrutiva, da observação minuciosa, do exemplo nobre, das atitudes dignas nas mais variadas situações no lar." O psicanalista Bruno Betleheim observa: "televisão não faz mal nenhum desde que pais e filhos discutam alguns minutos sobre o conteúdo do programa".

Não podemos isolar nossos filhos da modernidade, não podemos fugir dela, então o desafio é preparar os filhos para convivência com este mundo, que lembra um programa de TV, um "caldeirão fervente". Os ingredientes são emoções, sentimentos e pensamentos trabalhados desde muito cedo com grande intensidade. E sem dúvidas, o melhor local de preparação de nossos filhos é o lar. O professor e educador mineiro, Walter Barcelos, confirma que a família"é o mais importante instituto de educação que temos na terra."

Termino meu artigo fazendo um convite: Pais, vamos buscar nos grupos de auto-conhecimento os recursos que nos fortaleçam nesta batalha, preparando-nos com estudo edificante, no trabalho renovador e na observação sadia. Assim, saberemos transformar a televisão, de inimigo perigoso em amigo útil, abrindo-nos as portas da informação e da cultura. Concluo lembrando um grande educador e formador de líderes, o apóstolo Paulo: "Tudo me é lícito, porém nem tudo me convém."

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