sábado, 5 de setembro de 2015

POR QUE DEUS MUDA?

Por Julio Zamparetti

O artigo ‘O Eterno Deus Mutável’ me rendeu o silêncio por parte de muitos, o desprezo por parte de tantos, muitas críticas e uma queda de mais de 30% no número de acessos ao meu blog. Acho que desassosseguei alguns! Isso é ótimo! E “pra não dizer que não falei das flores”, houve uns dois comentários favoráveis que me fizeram crer que não estou sozinho em meus devaneios.

Para mim a melhor parte foi fazer com que eu mesmo pensasse mais sobre o assunto. E confesso que descobri um conforto imenso ao pensar num Deus capaz de mudar, pois só isso justificaria o seu amor por mim, mesmos diante da minha incapacidade de mudar certas coisas.

A Bíblia descreve um Deus que ama, que sofre, que se arrepende, que se compadece e se compraz. Um Deus que não suportou a dor de ver seu próprio filho pregado na cruz, de tal forma que o abandonou, ainda que por alguns instantes. Fraqueza de Deus? Por que não? Só os mortos não sentem nada. A fraqueza e todos os demais sentimentos são faces da vida. Por que seria diferente aquele que é a própria vida?

Um Deus que tem sentimentos é um Deus mutável, porque é para isso que serve os sentidos. A gente muda por amor, a gente age em meio a dor, a gente para ou segue em função de um sentimento. Sentimentos não são leis, não são duros, não são estáticos, não são imutáveis, pelo contrário, são transformáveis e transformadores. Como seria diferente aquele que é o próprio amor?

Disseram-me que estou errado em querer compreender Deus a partir do homem. Ora, já dizia o autor sagrado que tudo o que se pode conhecer de Deus está manifesto na criação. Portanto, a criação é a manifestação mais confiável de quem é Deus. Acho que errados estão aqueles que querem encontra-lo nas nuvens. E acho que os anjos continuam perguntando: por que vocês ficam olhando para cima?

Quando eu quero conhecer Deus, olho para a terra, para os campos, para o alecrim, para quem sofre, para quem é feliz, para quem está vivo. Não posso ver o criador, mas o entendo na sua criação; não posso ver o pai, mas o reconheço no filho. Assim entendo porque Ele é PAI NOSSO.

Segundo a Bíblia nosso corpo veio da terra, mas nosso espírito veio de Deus. Portanto, nosso espírito é parte, ou partícula dEle. Ele nos gerou a partir de sí, do que Ele próprio é, segundo sua imagem e semelhança. Somos filhos dEle, anjos encarnados. Não é de se espantar que nos compreenda tão bem! Não é de se estranhar que nos ame tanto e que mude por nós, em nós e conosco, assim como nós mudamos por Cristo, em Cristo e com Cristo. Não é de se admirar que só nele nossa alma se aquieta e encontra a paz.

Alguns, em nome de Deus e da fé, estabelecem leis rígidas e justificam sua rigidez moral e seu preconceito com fundamento naquilo que chamam de decretos irrevogáveis de Deus. Pobres coitados! Precisam nascer de novo, nascer do Espírito, nascer de Deus, tornarem-se filhos dEle, mais semelhantes a Ele, MUTÁVEIS.