sexta-feira, 31 de julho de 2009

Avião: eu tenho, você não tem...

Se antes o sonho de todo pastor era construir uma catedral, agora é adquirir seu próprio avião. Repentinamente, a classe pastoral foi tomada por um complexo de Ícarus.

Ora, se fulano pode, por que eu não?

E assim, cresce a cada dia o número de pastores que desfilam pra baixo e pra cima em suas aeronaves particulares.

O que antes só era visto do lado de cá da linha do Equador (EUA), agora está cada vez mais comum nas terras tupiniquins.

Ter um avião passou a ser sinônimo de estar sob a bênção e a aprovação divinas.

Quanta tolice!

O que pensa o mundo acerca de nossas megalomanias?

Um desses líderes* que acaba de adquirir um jato, afirmou em uma mensagem recente:

"Somos [sic] entre os quinhentos homens mais bem-sucedidos do Brasil que possuem um jato. A visão desatou novos líderes e milionários. Pastores e líderes que possuem casa, patrimônio, empresas e templos (como Igreja) acima de milhões, o que fez ministérios e líderes milionários. Sabe por quê? Deixamos de ser tímidos, saímos dos decretos de morte e entramos no decreto de vida. Por isso, estamos ousando conquistar no sobrenatural."

Que credibilidade teremos para pregar o Evangelho da Graça e do Reino de Deus, se nos prostramos ante a Mamom?

Estou corado de vergonha.

Nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, almejou tanto luxo. Poderiam ao menos ser discretos. Mas em vez disso, sentem a necessidade de ostentar.

Qual será o próximo sonho de consumo dos mega-pastores? Um transatlântico?

E o que mais me incomoda é saber que a maioria deles prega pra gente muito humilde, que mal consegue adquirir um carro usado.
É o dinheiro dessa gente humilde que sustenta a megalomania dos seus líderes.

Enquanto isso, as convenções e seminários em hotéis continuam servindo como feira de vaidade, onde cada qual quer ter mais vantagem pra contar aos seus colegas.

Vale aqui a exortação de Cristo à igreja em Laodicéia:

"Dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta. Mas não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu" (Apocalipse 3:17).

Lembremos que o sonho de Ícarus tornou-se no seu maior pesadelo. Um dia as asas derretem...

O mito de Ícarus encontra paralelo no Oráculo de Deus acerca do Rei da Babilônia:

"Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono (...) Subirei acima das mais altas nuvens; serei semelhante ao Altíssimo. Mas serás levado à cova, ao mais profundo do abismo" (Is.14:13a,14-15).

Que Deus levante em nossos dias uma geração de líderes segundo o Seu coração, que não se corrompam com as ofertas do Mundo, mas que sejam verdadeiros agentes transformadores do Reino.


* O líder citado é Renê Terra Nova, de acordo com o site Voz Profética.

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Texto de Hermes Fernandes
Fonte: http://hermesfernandes.blogspot.com/2009/07/o-voo-de-icarus.html

sábado, 25 de julho de 2009

PRECISA-SE DE UM HERÓI

É... Nada será como era antes. Sinto falta de ver na nova geração os sonhos que sonhei em minha mocidade. Não que não me sinta mais jovem (claro! rsrs), ou que tenha deixado de ser um sonhador, mas os sonhos que ainda sonho e os sonhos que já realizei começaram muito cedo. Embora não soubesse exatamente como realizar, sabia muito bem o que queria. Não me faltava utopia, nem ícones em quem pudesse me inspirar.

Queríamos mudar o mundo, gritamos “diretas já”, “abaixo a ditadura”, fomos às ruas, unimos nosso povo, mobilizamos nossas igrejas, lutamos por liberdade de expressão, contra o preconceito racial, denunciamos a corrupção, derrubamos a ditadura, elegemos um presidente, pintamos nossa cara e derrubamos o presidente que elegemos.

Tínhamos ícones na política e na cultura. Verdadeiros heróis! A música que ouvíamos era boa e carregada de utopia, sonhos e fome de justiça. Ah, como era bom estar na rua cantando “vem vamos embora que esperar não é saber...”!

Não só sonhávamos com um mundo melhor como também com uma igreja de fiéis mais ativos, que transpassassem os limites das quatro paredes do templo, que acolhessem o sofredor e não fossem tão fúteis e mesquinhos.

O que aconteceu?

Aconteceu que, como disse Cazuza, “meus heróis morreram de overdose” e ninguém mais se levantou para agitar a grande massa. Hoje temos uma geração carente de um herói. Seus objetivos resumem-se em ouvir música de péssima qualidade, cuidar da própria vida, com pés no chão, sem cometer os mesmos erros utópicos de seus pais.

Quanto a minha geração, a grande maioria, abandonou o sonho, “tá em casa, guardada por Deus, contando vil metal”, exatamente como constatou Belchior, em ‘Como Nossos Pais’, que ainda dizia que “apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.

Onde foi que erramos?

O problema é que não precisávamos de heróis. Precisávamos de pais. Tivemos verdadeiros heróis na política e na cultura, mas não na família. E, diga-se de passagem, dentre os poucos filhos afortunados que tiveram pais heróis, a maioria, não soube reconhecer o heroísmo de seus pais. Minha geração foi marcada pela despaternidade, vivendo num processo de transição social onde a estrutura familiar abalada oscilou entre os extremos de pais ausentes (separados) e pais presentes, porém, austeros e incompreensíveis, tão heróis quanto bandidos. Na falta deste ícone familiar, buscamos ícones pop-stars, ao som de quem caminhamos e cantamos e seguimos a canção. Porém, quando estes ícones se calaram, muitos de nós ficamos caminhando ao vento “sem lenço e sem documento”, sem ter em quem se espelhar e sem servir de espelho para ninguém.

Então, QUE NADA SEJA COMO ERA ANTES!

Nossos filhos não precisam dos heróis da TV, nem da música, nem da política. Só precisam de pais... pais heróis, presentes, que os ensinem a sonhar, a serem livres e libertadores, a “amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, a serem justos e denunciarem as injustiças, a serem responsáveis, honestos e jamais deixarem de crer no futuro.

O SONHO NÃO ACABOU!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

NÃO NOS TEMPLOS, MAS SIM NOS POÇOS. (JOÃO 4:1-42)

“E diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (João 4:42).

Uma grande mudança estava ocorrendo entre os samaritanos. Eles, que haviam buscado a Jesus por causa dos sinais testemunhados por uma mulher pecadora, de que Jesus havia dissertado detalhes acerca da vida oculta dela, agora não mais se interessavam em tal sinal, mas interessavam-se nas palavras de vida que o Mestre proferia.

Os Samaritanos, bem como os judeus, sempre pediam e dependiam de sinais para crerem. Comumente pediam sinais a Jesus: os fariseus o tentaram diversas vezes pedindo um sinal do céu; os discípulos pediram como sinal, ver ao Pai. O próprio Jesus afirmou que ninguém lhe creria se não vissem sinais (vide João 4:48).

Os sinais tinham seus propósitos especiais: fazer com que uma geração incrédula cresse em Jesus e confirmar a Palavra pregada pelos discípulos (vide Marcos 16:20). O testemunho destes sinais, em especial o da ressurreição de Cristo, fez com que milhares de cristãos dessem sua vida por Cristo, durante três séculos de intensa perseguição.

Assim, temos, hoje, um evangelho já confirmado a respeito de Cristo já vitorioso. O Evangelho que pregamos não carece de milagres para confirmá-lo, pois não pregamos um Evangelho novo, e sim o “velho” e perfeito Evangelho já confirmado pelos sinais operados por Cristo e os Apóstolos. Não estou dizendo com isso que os milagres cessaram, o que digo é que os milagres de hoje não são operados para confirmar a doutrina, mas tão somente para beneficiar os filhos de Deus. Se alguma doutrina carece de confirmação por milagres, essa doutrina não é de Cristo, pois a doutrina de Cristo, o Evangelho, já está confirmada.

É nesse entremeio que se destacam os cristãos autênticos dos cristãos meramente nominais. Os nominais continuam buscando sinais. A Bíblia não lhes é suficiente. A ressurreição não lhes representa o devido valor e por isso são insaciáveis. Tais “cristãos” não provaram da água que Cristo dá, pois se assim fizessem, jamais tornariam a ter sede, nunca pediriam outro sinal. Se bebessem da água de Cristo, a sua Palavra, não estariam correndo atrás do pastor mais poderoso, nem da emoção mais forte, ou da unção mais poderosa, muito menos da revelação mais incrível. Estariam satisfeitos, saciados pela Palavra de Deus que é poderosa, Palavra verdadeiramente ungida, Revelação de Deus ao homem. A esse respeito dizia Martinho Lutero: "Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida, como para o que há de vir".

Os samaritanos estavam começando a provar dessa água. Os sinais antes testemunhados pela mulher deixavam de ser o atrativo a Cristo. Eles estavam descobrindo algo mais precioso. O desejo de Cristo é que todos nós também façamos a mesma descoberta; que deixemos de mirar as mãos de Deus para alvejar seu coração; que o deixemos de amá-lo pelo que Ele faz e amemo-lo pelo que Ele é; que rompamos os padrões estabelecidos pela religiosidade humana e abracemos com todas as forças a vontade divina. Que compreendamos que nós, a igreja, somos o corpo de Cristo na terra e cada um de nós membros deste corpo. Portanto, somos os pés de Cristo para alcançar os povos, somos as mãos de Cristo para tocar o mundo.

A igreja precisa deixar de estar voltada para si própria, enchendo-se de poder sem ter pra quê, buscando unções que incham o ego. A igreja precisa estar voltada pra fora, proclamando ao mundo o Evangelho de Cristo que “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Romanos 1:16). Esse é o verdadeiro poder. Quem está disposto a buscá-lo? Você se dispõe, ou prefere continuar enclausurado no templo, agradecendo por ser um salvo e o mundo que exploda (literalmente).

Cristo nos constituiu luz do mundo para que o mundo recebesse nossa luz. Ele nos fez sal da terra para que a terra tivesse sabor a partir de nossa simples presença e interação com ela. Não é nas igrejas que a nossa luz é mais requisitada, e sim no mundo. Não é em nossos grupos de estudo que o sal é mais necessário, e sim entre os ímpios. Não foi no templo que Jesus alcançou a mulher samaritana e sim a beira do poço. Da mesma sorte, não é no templo que se concretiza o propósito de Deus para nós, e sim nos poços da vida.

Nos poços, volta-se constantemente para buscar água. Outra vez, e outra vez, outra, e outras mais e mais... A condição de quem busca água junto ao poço é insaciável. Assim está o mundo e, infelizmente, a maioria dos que se dizem cristãos. Pois tanto os prazeres mundanos quanto a busca insaciável por sinais e outros caprichos religiosos (atrás dos quais muitos escondem a vida pecaminosa podre, sem conhecer o poder transformador do Evangelho) são engano e engodo.

Jesus quebrou os padrões estabelecidos pela religiosidade: conversou com uma mulher samaritana, jantou na casa de publicanos, permitiu que prostitutas lavassem seus pés, sem se importar com quem, ou o que, murmuravam dele. Tudo isso porque Jesus veio para os enfermos e não para os sãos. Diante disso eu pergunto: é coerente o corpo de Cristo, hoje, agir diferente do próprio Cristo, seu Mestre?

Para o Mestre, era mais importante e prazeroso falar da salvação aos samaritanos, do que almoçar com seus discípulos, isso porque fazer a vontade do Pai lhe saciava infinitamente mais que a comida terrena. Quando realmente estivermos moldados pelo poder do Espírito Santo, segundo a imagem de Jesus, também agiremos como Cristo e, então, só então, seremos saciados.


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Extraído do livro ‘O Cristianismo que os Cristãos Rejeitam’ de Julio Zamparetti Fernandes.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

VELHAS BARDAS

A turma reclama de quê, afinal?

Brasileiro é assim:

Saqueia carga de veículos acidentados nas estradas. Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas. Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.

Troca voto por qualquer coisa: areia , cimento, tijolo, dentadura, emprego para parente. Fala ao celular enquanto dirige.

Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento. Param em filas duplas, triplas, em frente às escolas.

Viola a lei do silêncio

Dirige após consumir bebida alcoólica. Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas. Espalha mesas churrasqueiras nas calçadas.

Pega atesta médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho. Faz gato de água, de luz e de TV a cabo. Faz grilagem de terrenos, até praças. Registra imóveis no cartório no valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisório, só para pagar menos impostos. Sonega bens na declaração do Imposto de Renda. Compra recibo para abater na declaração do Imposto de Renda para pagar menos imposto.

Muda a cor da pele para entrar na universidade através do sistema de cotas. Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10, pede nota de 20. Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes. Estaciona em vagas exclusivas para deficientes. Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado.

Compra produtos piratas com a plena consciência de que são piratas. Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca. Vende sem nota para não pagar imposto. Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem.

Emplaca seu carro fora de seu domicílio para pagar menos IPVA. Freqüenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho. Leva das empresas onde trabalha pequenos objetos, como clipes, envelopes, canetas, lápis – como se isso não fosse roubo.

Quando volta do exterior, nunca fala a verdade quando o policial pergunta o que traz na bagagem... e querem que os políticos sejam honestos – se escandalizam com as picaretagens e roubalheiras, mas o fato é que estes políticos que aí estão, infelizmente saíram do meio desse mesmo povo, ou não? Brasileiro reclama de quê, afinal?


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Fonte: Jornal Diário do Sul (Tubarão/SC) - Coluna de Deka May

sábado, 4 de julho de 2009

EXPLORAÇÃO DA FÉ ─ ATÉ QUE PONTO?

No tempo de minha meninice, era um leitor cativo do “Mensageiro da Paz” – jornal editado pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Dentre os tópicos deste periódico, um me chamava mais atenção: era o da página de testemunhos de curas e milagres, que ainda hoje é ventilada, nesse mesmo jornal, de uma forma não extravagante.

Talvez aquele antigo desejo de ver maravilhas ainda esteja latente em meu inconsciente, pois hoje, ao assistir o Jornal Nacional ─ edição das 20 horas, sempre que posso, dou minhas passadas pelo canal da Band, que no seu horário nobre exibe o programa “show da fé”. A parte do programa que divulga curas e milagres por este canal de TV tem causado constrangimentos em toda blogosfera, e nem de longe se parece com os testemunhos simples e eletrizantes, que eu lia no jornal evangélico que circulava e ainda circula por todos os recantos do país, a cada quinzena.

Há pouco mais de três semanas, uma chamada desse programa na Band, me fez ficar de cabelo em pé. Poderia ter gravado o inusitado caso, mas na hora, a estupefação fez com que eu esquecesse esse importante detalhe.

Em suma, foi mais ou menos assim o grotesco acontecimento:

─ Meus amigos telespectadores! Daqui a pouco vocês vão ouvir um relato de um grandioso milagre. Deus recuperou instantaneamente a virgindade de uma nossa irmã. Ela está aqui presente, e vai contar tudo ─ diz o eufórico Pastor, esfregando uma mão na outra.

Pulei da “cadeira do papai” em que estava bem acomodado, e fiquei com os olhos arregalados, sem querer acreditar no que estava ouvindo.

O show da fé, nessa noite, foi muito longe no seu somatório de aberrações. Como médico, sei perfeitamente que a virgindade não é só representada pela higidez dessa frágil membrana do órgão sexual feminino. A perda da virgindade é muito mais do que a ruptura dessa simples estrutura anatômica. Se houve o ato sexual, ele se passou numa esfera psico-afetiva mais profunda, envolvendo, é claro, a consciência e a química cerebral do casal. É impossível negar, desfazer ou esquecer aquilo que foi realmente sentido ou vivenciado sexualmente. Recuperar a estrutura himenal não significa, de modo algum, dizer que a virgindade foi restabelecida.



Uma analogia, para melhor entender o que me parece óbvio : o fato de se zerar o indicador da quilometragem do carro usado, não significa que o mesmo se tornou zero km.

Esperei curioso o emblemático caso da recuperação da virgindade, tão bisonhamente alardeado. Tive asco quando ouvi o maior personagem do show falar:

─ Irmã, conte-me como foi essa tremenda cura, que lhe fez ficar virgem de novo! ─ disse ele dando os seus pulinhos e risadinhas características.

Quando vi a mulher, aparentando seus trinta anos, mais encabulada que alegre, com um jeito de quem estava ali sendo explorada de forma hedionda, a adrenalina me subiu, e fiquei altamente indignado.

A pobre irmã tinha se envolvido sexualmente antes de ser crente, mas agora estava a li a apregoar, diante de aplausos, que agora Deus tinha restabelecido a sua virgindade.

A que ponto a exploração da fé chegou. No tempo das minhas leituras dos milagres e curas do jornal Mensageiro da Paz, pelo menos, os grandes feitos da fé eram comprovados com fotos de atestados e radiografias fornecidos por entidades médicas. Tudo bem documentado.

Agora não, tudo se tornou tão banal, que de uma cura ou milagre não se exige mais comprovação científica. Os “predadores” do evangelho não se importam com isso, desde que as falsas curas encham os seus baús com o tesouro que a traça e a ferrugem comem. O Deus deles se mede pelo número de concentrações realizadas. Dizem: “hoje tem espetáculo às 9.00, 11.00, 15.00 e 20 horas”. Com promessas falsas e jargões de caráter apelativo, ludibriam muitas pessoas, as quais são levadas aos locais dos eventos (praças e avenidas), como bois que são conduzidos ao matadouro. Multidões, cada vez maiores, à procura de consolo, se deixam levar pelo ABSURDO das mensagens estapafúrdias e curas de mentira, sempre acompanhadas das costumeiras salvas de palmas para Jesus (digo, Zé Jus)

Acredito que esses vendedores de supostos milagres, caso não se arrependam, um dia, ouvirão Cristo dizer categoricamente:

“[...] Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim vós que praticais a iniqüidade”. (Mateus 7 : 23)




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Por: Levi B. Santos
Guarabira, 03 de julho de 2009
Em Ensaios & Prosas


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Fonte: http://genizah-virtual.blogspot.com/2009/07/rr-soares-viaja-na-maionese-e-libera.html



Obs.: É por essas e outras que tenho dito: Eles querem consquistar o mundo, nós queremos transformá-lo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Eucaristia e Meio Ambiente

O que mais me chama a atenção na Encarnação é nova fase que ela deflagra na relação entre o Criador e a criação.

Ao entrar no Universo que Ele mesmo criou, Deus Se tornou parte integrante dele. Reflita um pouco comigo: Ele comeu nossa comida, bebeu de nossa água, respirou nosso ar.

Nos cerca de 12 mil dias em que caminhou entre nós, Ele interagiu com o ambiente à Sua volta, e assim o santificou. A água que Ele consumiu passou por Seu organismo, e foi devolvida. O ar que Ele respirou passou por Seus pulmões, e foi devolvido à atmosfera. Tudo o que Ele ingeriu, foi digerido.

Átomos que pertenceram ao Seu Corpo ainda estão entre nós. Por causa de Sua Encarnação todo o Cosmos foi sacralizado.

Por isso, podemos afirmar que a criação como um todo passou a ter valor sacramental. Além do batismo e da Santa Ceia, temos um terceiro sacramento: o Cosmos. E tudo por causa da Encarnação.

Daí a razão pela qual Paulo atribuiu valor eucarístico à criação:

“Porque tudo o que Deus criou é bom, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças (originalmente, “eucaristia”), porque pela palavra de Deus (pelo logos divino que Se encarnou), e pela oração, é santificada” (1 Tm. 4:4-5).

A criação perdeu sua profanidade decorrente do pecado, e adquiriu, através da Encarnação de Deus, um valor sacramental. Por isso, na visão que teve, Pedro foi advertido a não chamar de impuro aquilo que Deus havia purificado, nem mesmo os animais reprovados pela Lei para o consumo humano.

Agora, além de possuir um Corpo Místico, a saber, a Igreja, Cristo também possui um Corpo Cósmico. Com Sua ressurreição, Ele abarcou em Si mesmo toda a realidade, tanto a espiritual, quanto a material (Ef.1:9-10; Cl.1:19-20). Nada ficou de fora do escopo de Sua obra, iniciada na Encarnação, consumada na Cruz, e confirmada na Ressurreição, e plenamente manifestada no final das Eras. Assim como a roupa que Jesus usava resplandecia enquanto Seu rosto se transfigurava, em breve, todo o Universo se transfigurará, e revelará a glória de Deus nele latente, para que, finalmente, “Deus seja tudo em todos” (1 Co.15:28).

À luz disso, que tratamento não deveríamos dispensar à criação? Que cuidado não deveríamos ter para com o meio ambiente? Quem colabora pela sua destruição, está abrindo feridas no Corpo Cósmico de Cristo.

Quem ama o Criador, cuida da criação.


Texto de Hermes Fernandes