Por Julio Zamparetti
Hoje
estou tendendo fortemente a acreditar que somos a soma de tudo que amamos, sejam
experiências, coisas, pessoas, ou ideologias. Em cada um desses itens há o que
amar e há também o que relevar. A propósito, há coisas que nos tornam escravos
da liberdade, como os livros (e meu violão. rsrs). É muito bom que amemos e até
nos escravizemos a essas coisas. É bom que sintamos crise de abstinência ao
passar o dia longe delas.
É por
isso que eu contesto aquele ditado que diz que daqui nada se leva. Na verdade,
acredito que levarei tudo que houver deixado. Porque só se pode deixar o que se
tem, e só se pode ter o que foi herdado por amor. Não levaremos coisa alguma
que tenhamos adquirido por dinheiro, ou violência, mas, tenho certeza de que
levaremos tudo que estiver ligado ao coração.
É bem
verdade que há muitos que ataram seu coração ao que compraram. Pobres coitados!
Quão diminuta será sua herança! Eu, ao contrário, me desapego de tudo que seja
meu, e amo tudo o que é de Deus. Por isso levarei a Terra, o Sol, A Lua, o mar,
as estrelas. Levarei também meus livros, meus discos, meu violão, uns bolinhos de chuva e até meus
bichos de estimação. Principalmente, levarei meus amigos, meus filhos e todos
os meus amados, ainda que permaneçam por aqui durante muitos anos depois.
Acontece
que eu não acredito em fantasmas, períspirito, ou qualquer forma corporal da
alma. Estou convicto de que se há vida eterna, ela se dará na forma do amor.
Acho que o amor é a verdadeira forma do corpo ressurreto e eterno. Talvez isso
explique porque se conectam as pessoas que amam. Se você, que me lê, ama, sabe
muito bem do que estou falando. Quando amamos nos conectamos aos que amaram, aos
que amam e até aos que haverão de amar um dia.
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