terça-feira, 5 de outubro de 2010

O TAMANHO DA FÉ

Baseado em Habacuque 2.1-4; II Timóteo 1.6-14; Lucas 17.5-10

“Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé”. Ao que parece não é de hoje que as pessoas disputam, diante de Cristo, serem os de maior fé, merecedores de possuir a graça divina. Embora os discípulos tivessem incorrido neste erro, certamente não surtaram ao ponto de precederem o que vemos nas igrejas de hoje. Os cristãos ao invés de aprenderem com este erro dos apóstolos, promoveram uma evolução deste erro, dando origem à concorrência da fé, onde se disputa “bênção à bênção” quem é o “filho” predileto de Deus. Querem estes ser a “casa favorita” do Pai, “subir mais alto” “até tocar o céu” para chamar a “atenção de Deus”, por fim “determinar os milagres” “reivindicando na Palavra”, obrigando Deus a fazer nada além do que esteja “na Palavra” e que, portanto, lhe é dever cumprir em benefício de “seus filhos”.

Tenho pena dessa gente que vive essa ilusão! Dizem ser servos, mas agem como senhores de um deus que dizem ser Senhor, mas lhes é como servo. Escravizaram Deus? De forma alguma! Pois o deus que pegaram pela Palavra e o botaram contra a parede, não é Deus, é apenas um falso deus, um ídolo.

A Palavra de Deus (me refiro aqui a algo segundo a Bíblia, que é muito mais amplo que a própria Bíblia) determina o nosso proceder, não o de Deus; diz até aonde vão os limites do mar, mas não limita o seu próprio agir; por ela tudo o que existe foi feito, mas Ele precede e excede toda existência.

Então, a primeira desilusão que Jesus provoca em seus discípulos remedia a ilusão de achar que as dádivas divinas são proporcionais ao tamanho da fé. Ai de nós se isso fosse verdade! Mas, graças a Deus, não é o tamanho de nossa fé o que importa, mas importa que nossa fé, pequena ou grande, esteja em Deus. Se disseres que tua fé é mil vezes maior que a minha, ficarei feliz por ti e por mim, porque se depositamos nossa fé no mesmo Deus, os benefícios serão os mesmos, pois a eficácia da fé não está em quem a deposita, mas em quem ela é depositada. E sendo Deus o depositário, ao contrário das instituições financeiras deste mundo, Ele a todos dá liberalmente, conforme sua própria determinação e graça. Portanto, se temos muita ou pouca fé, a tenhamos depositada em Cristo e isso nos basta. Considere, também, que depositar a fé em Cristo, confiar e esperar nEle é o maior exercício de fé que podemos realizar. E esta fé exercitada se tornará muito mais forte e eficaz.

A segunda desilusão que Jesus provoca remedia a ilusão de achar que a fé visa beneficiar o crente. Embora o crente, realmente, possa ser beneficiado por sua própria fé, os dons de Deus não visam o benefício particular, mas sim o bem comum. Jesus deixou claro que o sentido natural da fé é nos conduzir ao serviço pelo próximo sem que isso faça com que nos achemos merecedores de privilégios. É na caridade que nossa fé se aperfeiçoa, se fortalece e amadurece. Fora da caridade ela simplesmente é morta, pois perde totalmente o foco e a razão de sua existência.

A fé, portanto, deve ser depositada em Deus e vivida na luta por justiça e direitos humanos, na propagação dos valores cristãos, na preservação da vida e do meio ambiente, na aplicação do serviço pelo bem comum e paz no mundo.

Entendido isto, entendemos porque a vida do justo se dá pela fé.

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