(Artigo resumido)
“Eu te busco, te procuro ó Deus… No silêncio Tu estás.”
Uma famosa música evangélica brasileira, interpretada pelo legendário Luciano Manga (vocalista da fase áurea do Oficina G3), começa com as palavras destacadas acima. A canção é até legalzinha, mas alguns pensamentos sempre surgem em mente logo quando começo a ouvi-la. Estes pensamentos estão relacionados ao silêncio.
É muito estranho a canção começar falando sobre Deus habitar no silêncio quando isto é o que menos presenciamos dentro da igreja. Sejamos francos, se há uma coisa que ninguém espera encontrar em uma igreja evangélica, é silêncio. Na verdade, em igrejas neopentecostais (predominantes no Brasil atualmente) podemos esperar encontrar o extremo oposto: gritos, pulos, “tira o pé do chão”, etc. Existe até uma canção que diz, “Quando estou em sua presença… dá vontade de gritar!”
Mas a música do Vineyard fala sobre Deus habitar no silêncio, e sempre (mas sempre mesmo) que esta canção gravada pelo Vineyard começa a tocar eu reflito comigo, “Se Deus habita no silêncio, como podemos encontrá-Lo no meio de tantas gritarias?” Também fico imaginando se as pessoas realmente estão refletindo no que estão cantando (ou se estão agindo simplesmente como robôs programados) e, se estão mesmo refletindo enquanto cantam esta música, por qual razão elas simplesmente não se calam logo em seguida.
Em primeiro lugar, culto deveria ser um local para reflexão e oração, não para entretenimento. Existem locais e horários apropriados para entretenimento, de modo que o formato neopentecostal do culto (o culto-show) peca por não ser nem uma coisa nem outra. Deixa de ser uma oportunidade de oração, já que nenhuma pessoa normal consegue se concentrar para orar com uma mulher gemendo notas altíssimas no microfone, e também deixa de ser um show, já que os responsáveis pela liturgia tem (tem?) consciência de que não estão ali para se expor.
Eu poderia resumir meu argumento aqui com um silogismo simples.
1. O objetivo do culto é a reflexão, oração e aprendizado.
2. O ambiente mais propício para a reflexão e a oração é o silêncio.
3. Logo, o melhor ambiente para um culto é o silêncio.
Reflexão exige concentração, e concentração exige silêncio e pouca movimentação. Se o melhor ambiente para adoração para você é um local com um animador de plateias burguesinho gritando frases sentimentais hipnóticas no seu ouvido, ou uma mulher gemendo notas altíssimas no microfone, bem, neste caso, com todo o respeito, o problema é seu e não meu. Mas eu até apostaria meu almoço na hipótese que você no fundo no fundo nunca parou para refletir sobre a reflexão, nunca refletiu sobre o que você está fazendo e por que você está fazendo o que faz na igreja.
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Leia o artigo na íntegra no site http://elielvieira.org/2011/01/22/o-silencio-dos-inocentes/
Título original: O Silêncio dos Inocentes
Meu amigo, ótimo texto e oportuno. É a fase do oba oba, aonde as pessoas buscam entretenimento e formulas mágicas para seus problemas. O que quase não se vê em lugares assim é a reflexão, a mesma reflexão que conduz a mudança de vida. Portanto, muita festa e pouca mudança, muito barrulho, nenhum silêncio.
ResponderExcluirAbraço
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEu concordo em parte. Com certeza, no silêncio é que aprendemos e o momento da pregação da Palavra deve ser de silêncio e atenção. No entanto, a Bílbia fala insistentemente que devemos glorificar ao nome do Senhor, e portanto, eu não vejo problemas quando as pessoas glorificam a Deus pelas suas maravilhas no curso do culto, visto que "Onde está o Espírito, há liberdade." (2CO 3:17). Não pretendo contradizer você em tudo, claro que não, você está totalmente certo quando fala que é em silêncio que aprendemos. Mas gostaria de acrescentar e falar que o culto também é local de adoração e louvor, e que cantar ao Senhor com alegria - e até mesmo barulho - não é pecado. Obrigada!
ResponderExcluirEsse louvor é simplesmente magnífico.
ResponderExcluirThiago Gracino de Oliveira