quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

AMOR INSANO (parte 1)

Por Julio Zamparetti

Nada pode ser tão louco, insensato e herege quanto o verdadeiro amor. Pois amor é amor quando deveria ser ódio. Esse mesmo amor conduz ao perdão, exatamente, quando tem todas as razões para conduzir à condenação.

A religiosidade propõe que devemos fazer por merecer o amor e o perdão de Deus, para que, só depois de méritos provados, sejamos por Deus amados e perdoados. Para a mente religiosa, Deus ama o pecador, conquanto este pecador tenha se arrependido; Deus salva o perdido, desde que haja méritos creditados ao indivíduo e não haja nenhum pecado por confessar.

Muita gente acredita que é capaz de identificar todo e qualquer pecado que comete, a fim de confessá-lo, pois crê que um pecado não confessado pode implicar na perda da salvação. Como se isso, por si, já não fosse pecado! Ora, considerar-se capaz de identificar todo pecado é julgar-se capaz de viver sem pecar. E “se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 João 1:10).

Se, por outro lado, você admite que comete pecado, mas insiste em afirmar que os pode identificar um a um, por que não os identificou antes de cometê-los? Se és capaz de identificar todos os pecados após cometidos, certamente também és capaz de identificá-los antes de cometê-los. Então o pecado que você cometeu, foi cometido deliberadamente, o que não é nada bom: “Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados” (Hebreus 10:26).

Portanto, se você pensa que pecado só é pecado quando cometido conscientemente, grande engano o seu! Afinal, se o autor de Hebreus afirma que para este pecado “já não resta sacrifício”, fica claro que o sacrifício de Cristo cobre o pecado cometido inconscientemente, pois mesmo que inconsciente, não deixa de ser pecado. Ninguém deixa de ser multado por não saber que havia um radar no local onde excedeu a velocidade. Se soubesse previamente, certamente passaria em velocidade permitida. Da mesma forma, ninguém deixa de ser pecador por não saber que o que fez estava errado. A ignorância não justifica ninguém. O conhecimento pode fazê-lo evitar o erro ou levá-lo ao arrependimento a posteriori, mas como confessarás o pecado inconsciente?

Calma! Sei que tudo isso parece inconciliável, e de fato é, pois não há qualquer forma de conciliar a graça de Deus sob a ótica do mérito humano.

Quando achamos que podemos ter consciência de todos os pecados que cometemos e condicionamos o perdão de Deus à confissão nominal destes pecados, estamos nos enganando a nós mesmos e buscando tratar os efeitos em lugar da causa. É como pensar que limpando a mancha de óleo na garagem, resolvemos o problema do vazamento de óleo do motor do carro.

A solução não é limpar a mancha. Da mesma forma, a solução para os nossos pecados não é confessá-los nominalmente, um a um. Alguém pode contentar-se em limpar a mancha de óleo na garagem, mas jamais terá idéia de quanto óleo deixou pela estrada. Da mesma forma, você pode pensar que solucionou o problema de seus pecados confessando-os nominalmente, mas jamais terá idéia de quantos pecados cometeu inconscientemente ao longo de sua vida. A solução é arrumar o motor. Precisamos confessar todos os pecados, confessando-nos pecadores por inteiro. Não foi a toa que Deus disse a Salomão: “Dá-me, filho meu, o teu coração” (Provérbios 23:26). Assim como o motor tem que ser entregue ao mecânico, nosso coração tem que ser entregue ao Senhor. Assim como é inútil levar as manchas de óleo ao mecânico, também é inútil levarmos, a Deus, nossos pecados em vez de nosso coração.

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Extraído do livro ESPIRITUALIDADE DINÂMICA

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