segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O QUE TENS(?), PRA QUEM SERÁ?

No episódio em que Jesus conta a parábola do homem rico (Lc.12:13-21), o texto nos traz, ao menos, três pontos importantes de reflexão:

Já de início, o texto aborda um problema de conflito familiar causado pela avareza de dois irmãos. Ao que parece, não é de hoje que as pessoas rompem suas amizades e até laços familiares por conta de interesses pessoais onde a lei da vantagem é posta acima de qualquer valor. Se já não bastasse, como foi no episódio descrito, ainda hoje as pessoas recorrem a Jesus, ou religião, em prol de sua avareza e detrimento do próprio irmão. Fazem de Deus, advogado e juiz de suas causas injustas, principiadas num desejo egoísta capaz de sobrepor e ferir o bem comum, o direito do semelhante, a liberdade do diferente. Como poderemos denominar isso, senão cegueira espiritual? Certamente a sede de dinheiro, poder e fama anestesia os sentidos do ser humano, fazendo-o incapaz de enxergar além do seu próprio nariz, amar além de seu próprio umbigo.

Em segundo lugar, aborda o problema da idolatria empregada ao “deus dinheiro”. Não por acaso, São Paulo afirma que a avareza é idolatria (vd.Cl.3:5). O problema de se ter o dinheiro como um deus é que as perspectivas de cada um deles (dinheiro e deus) são incompatíveis, pois o conceito de divindade é de um ser eterno, coisa que o dinheiro jamais será. Você já ouviu dizer que “dinheiro na mão é vendaval”? É por isso que o apóstolo Paulo advertiu: “buscai as coisas lá do alto” (Cl.1:1). Quem não fizer assim, poderá até terminar seus dias deixando os celeiros fartos, mas não desfrutará deles, nem terá frutos a colher na eternidade, pois “assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (Lc.12:21). Este não tem herança do Pai. Portanto, sirvamos ao Deus único e verdadeiro e façamos de nosso legado aquilo que o “vendaval” não pode levar: o amor, a fidelidade, a compaixão, a honestidade, a paz, a justiça e coisas semelhantes a essas aos quais tempo, dinheiro e vida são sempre bem empregados.

Por fim, o terceiro problema se reporta àqueles a quem deixaremos nosso legado (espiritual ou financeiro). Não basta deixarmos um bom legado, precisamos de bons herdeiros. Erra-se quando todo esforço é empregado no trabalho, na aquisição de bens materiais e por essa causa se sacrifica o tempo com os filhos, o laser da família, o convívio dos amigos e o exercício da espiritualidade; ou quando se cuida tanto da saúde espiritual de “todo mundo” e se esquece da própria casa. O sábio rei Salomão se deu conta disso, pelo que disse a respeito de quem assumiria seu lugar: “Quem sabe se ele será um sábio ou um idiota?” (Ec.2:17). O que sabemos é que bons herdeiros é a melhor herança. Precisamos de um equilíbrio entre a dedicação na construção do legado e a aplicação na formação dos sucessores, para que um não ponha o outro a perder.

Pense nisso.

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