Por Julio Zamparetti
No episódio das bodas
de Caná, onde Jesus transformou água em vinho, temos no exemplo da Bem
aventurada Virgem Maria um modelo perfeito do que é ser Igreja.
Em primeiro lugar,
Maria se inquietou diante do fato de ter acabado o vinho, que é símbolo de
alegria. Uma igreja, de igual modo, não pode se conformar diante de tantas
circunstâncias que tolhem a alegria de nosso povo; não pode aceitar tantas
injustiças, preconceitos, discriminações, desigualdades, bem como o descaso ambiental.
Em seguida, a mãe de
Jesus vai até ele e intercede, não por ela, mas por aqueles que já não tinham
mais vinho. O problema da igreja de hoje é que ela vive o conceito de que cada
um deve buscar a sua bênção. Só que isso não é ser igreja. Ser igreja é fazer
parte do corpo de Cristo que se entregou à morte, tão somente porque amou e
lutou pelos injustiçados, explorados, excluídos, fracos, pobres e malditos.
Mesmo tendo uma
intenção tão nobre, Maria se sujeitou à resposta de Jesus que lhe disse: “ainda
não”. Igreja que é Igreja não se faz como criança mimada que tudo exige “agora”,
porque Igreja que é Igreja confia que Deus tem sempre a melhor hora para tudo,
e ainda que a resposta de Deus seja um ’sim’ ou um ‘não’, sabe essa é a
melhor resposta.
“Façam tudo o que ele
vos disser”, disse a Santa Virgem. Estou convicto de que a grande fé não é
aquele que conquista o que desejamos, mas aquele que nos motiva a permanecer
obedientes, mesmo quando Deus nos diz “ainda não”.
Por fim, Jesus
transformou água em vinho, um vinho melhor que o primeiro, e, certamente, Maria
se alegrou na alegria de sua gente. Ser Igreja não é se inflar de poder-sem-ter-pra-quê,
nem buscar realizações pessoais. Ser Igreja é se alegrar na alegria de todos, é
ser beneficiado no bem comum.
Carecemos de Marias.
Temos visto tanta gente querendo ser
senhor! Precisamos de uma igreja que, como nossa Mãe do Céu, seja serva,
sujeita a Cristo e cheia de amor ao próximo.
Quem se dispõe?
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