Nada é mais difícil de compreender, na caminhada espiritual, do que o equilíbrio. Isso porque o equilíbrio consiste da simetria de movimentos opostos, ou diferentes. A verdade é que não somos habituados a conviver com as diferenças. Normalmente queremos impor nosso ritmo, nossos hábitos, nosso gosto, nosso estilo de vida sobre aqueles que nos acompanham em nossa caminhada. Comumente excluímos aqueles que agem diferente da gente sem nos percebermos que, excluindo-os, estamos comprometendo o equilíbrio do corpo todo.
Sem diferença não há equilíbrio. Os braços são iguais, porém movimentam-se em sentidos opostos, seja para caminhar, abraçar ou pegar um objeto. Assim, compreendemos que mesmo sendo diferentes, fazemos parte de um mesmo corpo; que mesmo trabalhando em sentidos opostos, cooperamos para um mesmo fim.
Um advogado e um promotor desempenham papéis diferentes, trabalham em sentidos opostos, buscam interesses diferentes, mas juntos cooperam para um bem comum: a verdade dos fatos. Imagine um julgamento conduzido unicamente pela via de acusação, ou então, um julgamento em que o processo seja montado inteiramente de mecanismos de defesa. Que justiça poderia se esperar disso?
Essa é a razão pela qual o mundo cambaleia e as religiões manquejam. Os mecanismos de exclusão e isolamento provocam uma ferida em nossa sociedade, um apartait em nossa religiosidade.
O problema é que nosso senso de justiça e equilíbrio estão centrados em nosso ego, e queremos que todas as demais coisas girem em torno de nós. Nos esquecemos que o posto de Sol da Justiça já fora ocupado e pertence a Cristo. Neste sistema Cristo-solar sempre teremos astros semelhantes que estarão em órbitas diferentes, mas que são igualmente regidos pelo mesmo Astro-Rei. Portanto, na esfera espiritual, havemos de entender que ser regido por Cristo não significa exercer a mesma religiosidade, nem mesmo pensar uníssono, entre diferentes ou semelhantes cristãos.
De que outra forma seríamos exercitados em amor fraternal? A unidade do cristianismo verdadeiro e autêntico não se baseia nas semelhanças, mas sim no amor. Afinal, o amor encobre (não remove) multidão de diferenças, ou erros.
O sucesso de nossos relacionamentos não consiste em sermos parecidos. Os casamentos mais bem sucedidos não são aqueles em que os cônjuges mais se parecem um com o outro, seja intelectual, moral ou fisicamente. Nem são aqueles que removem as diferenças anulando-se ou anulando o outro. Os relacionamentos mais bem sucedidos são aqueles em que as diferenças (que, acreditem, sempre existem e persistem) submergem ante o amor.
Quero, neste livro, fazer um desafio semelhante ao que fiz em ‘O Cristianismo que os Cristãos Rejeitam’: Que tal alicerçar nossos relacionamentos no amor, e respeitarmos as diferenças? Que tal amar o hinduísta, o budista, o umbandista, o católico, o evangélico, o espírita, o ateu ou qualquer outro que não professe nossa mesma fé, mesmo sabendo que ele jamais a professará? Ou será que estamos destinados a morrer condicionando os relacionamentos à falsa sensação de que serão bem sucedidos quando estabelecidos entre iguais? Por acaso teria Cristo, amado somente os seus seguidores? Não amou, Deus, o mundo inteiro quando enviou Jesus?
Sob a bandeira de reis e reinos muitos conquistadores subjugaram nações, dominaram povos, aniquilaram inocentes, destruíram cidades, queimaram vilarejos, arrasaram civilizações, conquistaram mundos, enfraqueceram fortes e escravizaram fracos.
Hoje, sob a bandeira religiosa, os homens querem conquistar o mundo, dominar o povo, crescer em número, construir seu próprio reino, reinventar a igreja.
Esquecem-se que a igreja tem dois mil anos de caminho alternado entre erros e acertos que constitui um amplo aprendizado numa história que não se pode apagar. No que erraram, erramos nós. No que sofreram, sofremos nós. A sua história é nossa história. A sua glória, é nossa glória.
Já erramos muito ao longo da história. Nossas conquistas não melhoraram o mundo, nossas cruzadas não cristianizaram ninguém, nossas campanhas não estabeleceram o Reino de Deus. Isso porque nos esquecemos que o Reino de Deus não é homogêneo, não é composto de uma única tribo, não fala uma única língua, não é formado unicamente de patrícios, não tem uma única cultura, não privilegia alguns, não faz distinção de cor, raça, etnia, nem mesmo credo.
O mundo não precisa ser conquistado. O mundo precisa ser transformado. E a transformação só pode ser gerada pelo amor, ou seja, quando soubermos amar sem distinção, compreendendo que as diferenças proporcionam o equilíbrio necessário para se caminhar, então nossa luz resplandecerá e todos chegarão ao entendimento da graça e compreenderão o senhorio de Cristo.
Quando Cristo orou para que fôssemos aperfeiçoados na unidade, a fim de que o mundo o conhecesse e conhecesse seu amor (João 17:23), não se referia a sermos todos iguais. Referia-se a sermos um só corpo, composto de membros diferentes que agem em movimentos diferentes, mas que não se agridem, nem se matam, não se isolam, nem excluem. Ao contrario, caminham juntos, se condoem e se ajudam. Dessa forma, e só dessa forma, manifestaremos o Reino de Deus em sua multiforme graça e todos provarão do seu terno e eterno amor.
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Texto extraído de meu livro: ESPIRITUALIDADE DINÂMICA
Sem diferença não há equilíbrio. Os braços são iguais, porém movimentam-se em sentidos opostos, seja para caminhar, abraçar ou pegar um objeto. Assim, compreendemos que mesmo sendo diferentes, fazemos parte de um mesmo corpo; que mesmo trabalhando em sentidos opostos, cooperamos para um mesmo fim.
Um advogado e um promotor desempenham papéis diferentes, trabalham em sentidos opostos, buscam interesses diferentes, mas juntos cooperam para um bem comum: a verdade dos fatos. Imagine um julgamento conduzido unicamente pela via de acusação, ou então, um julgamento em que o processo seja montado inteiramente de mecanismos de defesa. Que justiça poderia se esperar disso?
Essa é a razão pela qual o mundo cambaleia e as religiões manquejam. Os mecanismos de exclusão e isolamento provocam uma ferida em nossa sociedade, um apartait em nossa religiosidade.
O problema é que nosso senso de justiça e equilíbrio estão centrados em nosso ego, e queremos que todas as demais coisas girem em torno de nós. Nos esquecemos que o posto de Sol da Justiça já fora ocupado e pertence a Cristo. Neste sistema Cristo-solar sempre teremos astros semelhantes que estarão em órbitas diferentes, mas que são igualmente regidos pelo mesmo Astro-Rei. Portanto, na esfera espiritual, havemos de entender que ser regido por Cristo não significa exercer a mesma religiosidade, nem mesmo pensar uníssono, entre diferentes ou semelhantes cristãos.
De que outra forma seríamos exercitados em amor fraternal? A unidade do cristianismo verdadeiro e autêntico não se baseia nas semelhanças, mas sim no amor. Afinal, o amor encobre (não remove) multidão de diferenças, ou erros.
O sucesso de nossos relacionamentos não consiste em sermos parecidos. Os casamentos mais bem sucedidos não são aqueles em que os cônjuges mais se parecem um com o outro, seja intelectual, moral ou fisicamente. Nem são aqueles que removem as diferenças anulando-se ou anulando o outro. Os relacionamentos mais bem sucedidos são aqueles em que as diferenças (que, acreditem, sempre existem e persistem) submergem ante o amor.
Quero, neste livro, fazer um desafio semelhante ao que fiz em ‘O Cristianismo que os Cristãos Rejeitam’: Que tal alicerçar nossos relacionamentos no amor, e respeitarmos as diferenças? Que tal amar o hinduísta, o budista, o umbandista, o católico, o evangélico, o espírita, o ateu ou qualquer outro que não professe nossa mesma fé, mesmo sabendo que ele jamais a professará? Ou será que estamos destinados a morrer condicionando os relacionamentos à falsa sensação de que serão bem sucedidos quando estabelecidos entre iguais? Por acaso teria Cristo, amado somente os seus seguidores? Não amou, Deus, o mundo inteiro quando enviou Jesus?
Sob a bandeira de reis e reinos muitos conquistadores subjugaram nações, dominaram povos, aniquilaram inocentes, destruíram cidades, queimaram vilarejos, arrasaram civilizações, conquistaram mundos, enfraqueceram fortes e escravizaram fracos.
Hoje, sob a bandeira religiosa, os homens querem conquistar o mundo, dominar o povo, crescer em número, construir seu próprio reino, reinventar a igreja.
Esquecem-se que a igreja tem dois mil anos de caminho alternado entre erros e acertos que constitui um amplo aprendizado numa história que não se pode apagar. No que erraram, erramos nós. No que sofreram, sofremos nós. A sua história é nossa história. A sua glória, é nossa glória.
Já erramos muito ao longo da história. Nossas conquistas não melhoraram o mundo, nossas cruzadas não cristianizaram ninguém, nossas campanhas não estabeleceram o Reino de Deus. Isso porque nos esquecemos que o Reino de Deus não é homogêneo, não é composto de uma única tribo, não fala uma única língua, não é formado unicamente de patrícios, não tem uma única cultura, não privilegia alguns, não faz distinção de cor, raça, etnia, nem mesmo credo.
O mundo não precisa ser conquistado. O mundo precisa ser transformado. E a transformação só pode ser gerada pelo amor, ou seja, quando soubermos amar sem distinção, compreendendo que as diferenças proporcionam o equilíbrio necessário para se caminhar, então nossa luz resplandecerá e todos chegarão ao entendimento da graça e compreenderão o senhorio de Cristo.
Quando Cristo orou para que fôssemos aperfeiçoados na unidade, a fim de que o mundo o conhecesse e conhecesse seu amor (João 17:23), não se referia a sermos todos iguais. Referia-se a sermos um só corpo, composto de membros diferentes que agem em movimentos diferentes, mas que não se agridem, nem se matam, não se isolam, nem excluem. Ao contrario, caminham juntos, se condoem e se ajudam. Dessa forma, e só dessa forma, manifestaremos o Reino de Deus em sua multiforme graça e todos provarão do seu terno e eterno amor.
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Texto extraído de meu livro: ESPIRITUALIDADE DINÂMICA
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