sexta-feira, 13 de maio de 2011

FERIMOS A NÓS MESMOS

Aquele menino ganhou uma espingarda de pressão de seu padrinho aos onze anos de idade. O pai agradeceu, mas notava-se em seu rosto uma certa preocupação. O menino saiu pelo pomar para experimentar com alegria seu presente. A primeira vitima foi um pardal, porém quando o pássaro caiu, o menino sentiu uma certa crise de consciência, e foi procurar o pai. Encontrou-o tirando as moscas e insetos presos em uma teia de aranha, e colocando-os numa caixa de fósforo vazia. Para que isso pai?...foi sua pergunta. Recebeu como resposta: “venha comigo e eu te mostro”.

Quando chegou ao jardim, mostrou-lhe entre as folhagens do jardim um ninho, onde se achavam quatro filhotes recem nascidos. E tirando os insetos e moscas nos biquinhos abertos dos pequenos passarinhos. Então o menino compreendeu o motivo, e entristecido se juntou ao pai na missão de alimentar os filhotinhos. A noite o pai os agasalhou com um pano de algodão, porém na manhã seguinte entrou no quarto do menino com o primeiro passarinho morto, e na noite do mesmo dia, antes do jantar morreu o segundo. Assim foi o terceiro, e o quarto seguiu o mesmo caminho depois de tentar sair do ninho sozinho sem o apoio da mãe.

Então o menino desabou em prantos dizendo: "pai, a culpa é minha! Fui eu que matei a mãe deles!”. O pai respondeu: "eu sei meu filho, eu vi você fazer aquilo. Mas não fique preso ao remorso, quase todos os meninos de sua idade fazem o mesmo. A minha atitude teve a intenção de mostrar a você que ferindo alguém, ferimos ao mesmo tempo outras pessoas, inclusive as que amamos, ou as que nos amam. Porém com o tempo descobrimos que o maior ferimento foi em nós mesmos!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário