Por Julio Zamparetti
Depois de
mais uma pescaria daquelas de fim de tarde, em que a gente vai mais interessado
na atividade e relaxamento do que no próprio peixe, voltando pra casa, pensei
nas igrejas evangélicas que um dia houveram naquele caminho (e lembro-me de
pelo menos quatro). Observei que hoje não há mais nenhuma sequer. Fiquei
pensando: onde estaria essa gente? Para onde foram seus pastores? Quantos
encontraram outra igreja? Quantos voltaram para a igreja Católica? Quantos,
desiludidos, abandonaram a fé? Quantos tiveram sua fé corrompida e depois foram
abandonados por mercenários que se intitulavam missionários?
Como eu que
buscava naquela pescaria a minha própria satisfação, alguns, não poucos,
buscaram naquele vilarejo a satisfação de seu brio religioso. Lançaram suas
redes tecidas com linhas de um evangelho estranho, baseado no que chamam de dom
de revelação, visão do Espírito, profecias e outros recursos que realmente
beiram a loucura (eu disse ‘beiram’ para ser gentil). Suas interpretações
bíblicas são outro artifício maligno, sem contexto histórico, textual, nem mesmo
gramatical, visam unicamente apregoar o velho anti-catolicismo, convencendo os
católicos de que estão todos perdidos e que devem se converter à nova igreja. Dessa
forma, arrebatam para si as ovelhas de quem tosquiarão até a última lã. Depois
disso, lã tosquiada, fé corrompida, família dividida, escândalo deflagrado, máscara
caída, dízimos recolhidos, é fim da tarde, recolher as redes, buscar outros
mares. Eu disse mares? Imagine! Pescadores de fim de tarde não buscam mares,
buscam açudes, quanto menor melhor, onde o peixe já foi bem tratado pelos
criadores e não têm para onde correr.
O Evangelho
não é uma teia de argumentos para convencer alguém de sua razão, muito menos
para satisfazer o desejo de seres que querem ser seguidos por alguém; também
não é uma forma de dominação, nem uma ação circunstancial e momentânea. Ele é
antes, bem antes, o amor que nos compromete na caminhada constante e eterna pela
paz entre os divergentes, unidade na diversidade, justiça social, preservação
ambiental e co-responsabilidade humana.
Já disse
Jesus: Se alguém pretende construir uma torre, veja antes se tem recursos para
concluí-la. Infelizmente, esses falsos pastores não estão preocupados com o que
será das ovelhas que nem são suas. Só querem saber de seu prazer, sua glória,
sua demonstração de poder e assim serem vistos como “servos do Altíssimo”. Se
depois não der certo, problema de quem fica. Como eu sei que novas igrejas, ou
diria, torres malacabadas(sic) continuarão à surgir, resta-me o recurso de
dizer a você que não seja mais uma vítima desses mercenários. O mundo precisa
de conversões, sim! Conversões que manifestem mudança de atitude, não de
religião.
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