Está lançada a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2010. Esperamos dela que se possa gerar uma consciência ecumênica aproximando os cristãos de diferentes confissões. Mas acima de tudo esperamos que essa consciência ecumênica possa gerar uma campanha pela vida que vá além do período da quaresma.
O tema desta campanha, Economia e Vida, nos chama a promoção de uma economia a serviço da vida, onde a dignidade do ser humano e a preservação dos recursos naturais sejam mais valorizados que os lucros.
Nessa perspectiva, somos chamados a denunciar toda perversidade desse capetalismo (sic) selvagem e insano que cega os homens na busca do domínio e poder.
Somos chamados a promover a educação para a vida, em que o ser valha mais que o ter, em que a partilha valha mais que o acúmulo, pois a felicidade só é plena quando aquilo que a fez faz todos felizes. Ninguém pode ser feliz à custa da tristeza alheia. E esta é uma lição que se aprende em casa. Transmiti-la cabe a cada um de nós. Pequenos exemplos domésticos são fundamentais na educação e formação de uma consciência ambiental e solidária.
Há quem diga que as campanhas não geram resultado, ou que seu resultado é mínimo. O problema é que as pessoas esperam que as campanhas gerem soluções, ao passo que seu intuito é gerar solucionadores. E solucionadores só são gerados quando cada cidadão assume sua responsabilidade como um gerador, propagador e executor das soluções. Por isso, não espere da campanha o que se espera de você.
Cabe a cada cidadão fazer sua parte. A história nos mostra que exemplos de solidariedade partem, na maioria das vezes, daqueles que menos dispõem de recursos para ajudar. Um desses exemplos consta na Escritura Sagrada, quando o Apóstolo Paulo recorre aos fieis da Macedônia que, segundo ele, viviam em profunda pobreza e mesmo assim souberam ser generosos para ajudar aos que passavam fome na Judéia. Se todos nós fizermos nossa parte, por mínima que seja, juntos faremos proezas.
Cabe ao setor empresarial valorizar mais seus cooperadores do que a cooperação deles advinda. Os empregados precisam ter tempo com sua família e recursos para melhor aproveitar esse tempo familiar. Hoje em dia, marido e mulher quase não têm tempo de ficarem juntos, passear com os filhos, pois quando um está chegando em casa o outro está saindo para iniciar seu turno. Nem mesmo os domingos têm sido respeitados para o repouso e encontro familiar. Quem pagará o ônus que esse ativismo está gerando? Que legado deixaremos para as gerações futuras?
Cabe aos líderes religiosos e políticos deixarem seus interesses e rixas de lado e se unirem em prol do meio ambiente, dos pobres, doentes, miseráveis, dos menos favorecidos e excluídos. Essa foi a vontade manifestada pelo próprio Cristo.
Cabe a todos acreditar que é possível transformar o sonho em realidade, que o mundo tem jeito, que tudo pode melhorar e nessa perspectiva trabalharmos a fim de que de fato (como costumamos rezar) venha sobre nós o reino do Deus que, segundo São Paulo, é justiça, paz e alegria de espírito.
Se queremos desejar feliz páscoa a todos, antes tenhamos uma quaresma de profunda reflexão.
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