terça-feira, 13 de outubro de 2009

PACIFICAÇÃO X PASSIVISMO

Por Julio Zamparetti

“Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9)

A pacificação é uma marca inerente ao que recebe o novo nascimento. Aquele que nasce do Espírito recebe o selo de Deus, isto é, o Espírito de Cristo é impresso na alma do neoconverso de forma que este é absorvido pela vida e pensamentos de Cristo. Os pacificadores serão chamados filhos de Deus por que a pacificação é nada menos que o traço do caráter de Deus delineado em nossa vida. Assim como os filhos dos homens carregam traços genéticos herdados dos pais, também os filhos de Deus carregam características espirituais herdadas daquele que os gerou espiritualmente.

Pacificação não é passividade. Alguns, por se considerarem pessoas de paz, nunca se manifestam contra as injustiças, os abusos e a violência. É a turma do “não tenho nada com isso”. O problema é que ninguém é uma ilha e o problema de qualquer pessoa é problema de toda sociedade. Ser passivo diante disso é não ser pacificador. Pacificador significa construtor da paz. É, portanto, uma condição ativa, exige empenho, luta e disposição. Como disse Ápio Cláudio “se queres paz, prepare-se para guerra”.

Não é pacificador quem se omite dos problemas de violência nas nossas cidades. Não é pacificador quem fica passivo vendo mulheres e crianças sendo espancadas por brutalhões covardes. Não é pacificador quem não se pronuncia diante dos abusos cometidos pelas autoridades civis e religiosas. Não é pacificador quem não toma as dores do sofredor e não se levanta contra toda forma de opressão. Quem se omite diante disso, coopera com isso, é conivente com o mal. Não é filho de Deus quem não é pacificador.

A dificuldade que temos em diferenciar passividade e pacificação é a mesma dificuldade que temos em conciliar o fato de Deus ser relatado como ‘Deus de paz’ (Romanos 15:33) e também ‘Homem de Guerra’ (Êxodo 15:3).

Deus é pacificador, mas não passivo. Diante de tanta maldade humana não se pode esperar a paz de forma passiva. É necessário tomarmos atitudes firmes, sem violência, mas firmes. É preciso, após a devida constatação, contestar e denunciar a violência, a corrupção e as injustiças, pois quem é passivo, jamais será pacificador.

A passividade atua em função do egocentrismo. Ela é a exata expressão daqueles que apenas não querem se incomodar com ninguém, nem por ninguém, daqueles que não se importam com o sofrimento alheio, daqueles que não sabem o sentido da compaixão e da solidariedade, daqueles que não sabem o que é viver, daqueles que nada mais são do que espectro de homem, que passam pela vida sem dela extrair a essência da existência, sem nela deixar o perfume do legado cristão.

A pacificação atua em função do próximo e busca o bem comum, ainda que isso lhe custe a calma, o sono, o bem-estar, o conforto e até mesmo a serenidade, tal qual o próprio Cristo se portou no templo, diante daqueles que faziam do ambiente de oração uma oportunidade de explorarem a fé dos indoutos. Era aquele o primeiro relato de comércio da fé que viria a ser tão comum nos dias de hoje.

O mesmo Cristo que oferecia a face direita quando era ferido à esquerda, também sabia contestar, denunciar, se manifestar e repudiar os atos de injustiça social, hipocrisia religiosa e dominação política.

Os filhos de Deus são pacificadores, mas jamais passivos.

Assim, “se queres paz, prepare-se para guerra. Se não queres guerra, então descanse em paz

5 comentários:

  1. Parabéns pela postagem, há uma linha tênue entre entre ser pacificador e ser passivo, assim como também há uma linha entre admoestar e criticar, infelizmente muitos no meio evangélico tem sido mais criticos do que admoestadores da fé. E ainda não se deram conta, que têem plantado dúvidas nos corações dos fieis, e nada mata mais a fé do que a dúvida plantada. Por isso me julgo um pacificador das críticas que não culminão em uma nova atitude, mais que abalam as estruturas de fé.
    Que o senhor seja contigo!

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  2. Creio que esse provérbio expressa bem esse tema:

    "Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena.

    Se tu deixares de livrar os que estão sendo levados para a morte, e aos que estão sendo levados para a matança;

    Se disseres:

    Eis que não o sabemos;

    porventura não o considerará aquele que pondera os corações? Não o saberá aquele que atenta para a tua alma? Não dará ele ao homem conforme a sua obra?"(Provérbios 24:10-12)

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  3. Amado PJ, elucidaste bem a idéia.
    Eu diria que pacificação x passivismo, se nos calarmos veremos os passistas nas avenidas, e perceberíamos as alegorias de uma roupagem nefasta, onde a calmaria em nada contribuiria para uma mudança necessária.
    Parebens pelo artigo.
    do amigo Maicon Blues.

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  4. Excelente exposição .
    Deus o abençoe!

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  5. Excelente exposição .
    Deus o abençoe!

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