sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Você daria a vida por um amigo?

Pítias, condenado à morte pelo tirano Dionísio, passava na prisão os seus últimos dias. Dizia não temer a morte, mas, como explicar que seus olhos se enchessem de lágrimas ao ver o caminho que se abria diante das grades da prisão? Sim, era a dura lembrança dos velhos pais! Era ele o arrimo e o consolo deles. Não mais suportando, um dia Pítias disse ao tirano:

- Permita-me ir à casa abraçar meus pais e resolver meus negócios.
Estarei de volta em quatro dias, sem acrescentar nem uma hora a mais.

- Como posso acreditar na sua promessa? Os caminhos são desertos. O que você quer mesmo é fugir - respondeu Dionísio, irônica e zombateiramente.

- Senhor, é preciso que eu vá. Meus pais estão velhinhos e só contam comigo para se defenderem - insistiu Pítias com o olhar nublado de lágrimas.

Vendo que o tirano se mantinha irredutível, Damon, jovem e amigo de Pítias, interveio propondo:

- Conceda a licença que meu amigo pede; conheço seus pais e sei que carecem da ajuda do filho. Deixe-o partir e garanto sua volta dentro dos dias previstos, sem faltar uma hora, para lhe entregar a cabeça.

A resposta foi um não categórico. Compreendendo o sofrimento do amigo, Damon propôs ficar na prisão em lugar de Pítias e morreria no lugar dele se necessário fosse. O tirano, surpreendido, aceitou a proposta e depois de um prolongado abraço no amigo, Pítias partiu.

O dia marcado para sua execução amanheceu ensolarado. As horas passavam céleres e a guarda já se mostrava inquieta. Entretanto, Damon procurava restabelecer a calma, garantindo que o amigo chegaria em tempo.

Finalmente chegara a hora da execução. Os guardas tiraram os grilhões dos pés de Damon e o conduziram à praça, onde a multidão acompanhava em silêncio a cada um dos seus passos.

Subiu, então, ao cadafalso. Uma estranha agitação levou a multidão a prorromper em gritos. Era Pítias que chegava exausto e quase sem fôlego.

Porém, rompendo a multidão, galgou os degraus do cadafalso, onde, abraçando o amigo, entregou-se ao carrasco sem o menor pavor.

Os soluços da multidão comovida chegaram aos ouvidos do tirano.

Este, pondo-se de pé em sua tribuna, para melhor se convencer da cena que acabava de acontecer na praça, levantou as mãos e bradou com firmeza:

- Parem imediatamente com a execução! Esses dois jovens são dignos do amor dos homens de bem, porque sabem o quanto custa a palavra. Eles provaram saber o quanto vale a honra e o bom nome!

Descendo imediatamente daquela tribuna, dirigiu-se a Pítias e a Damon. Dionísio estava perplexo, e os abraçando comovidamente, lhes falou:

- Eu daria tudo para ter amigos como vocês!


"Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a própria vida pelos seus amigos" (Jo.15:13).

"Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós. E devemos dar a nossa vida pelos irmãos" (I Jo.3:16).


Fonte: http://hermesfernandes.blogspot.com/

3 comentários:

  1. "Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a própria vida pelos seus amigos"...

    Quer dizer... então isso não é verdade pois essa história se passou antes de cristo, não é mesmo?

    Esse amor já existia entre os homens.

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  2. Ah, Dianísio foi o senhor de Siracusa de 304 a 367a.C. ... Então esse tipo de amor também existe entre não cristãos. É humano!

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  3. Mas é claro que sim! Deus é amor e a própria criação do universo já é uma expressão desse amor. Porque não se manifestaria no homem?

    Jesus não veio inventar o amor. Ele veio REVELAR o amor. Isto é, veio manifestar entre os homens a plenitude do amor que Ele mesmo o É desde antes do princípio de todas as coisas. A própria Oração Eucarística, como a celebramos hoje, relata este amor manifesto em toda história da humanidade.

    Sugiro-lhe a leitura do artigo A VOZ DE DEUS NA HISTÓRIA http://juliozamparetti.blogspot.com/2011/02/voz-de-deus-na-historia.html

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