
Inegavelmente, a religião exerce influência fundamental na construção das relações entre indivíduos e povos. Esse fato pode ser constatado em todas as épocas da história da humanidade. Ela que foi constituída para unir os indivíduos em torno da paz e comunhão, tem sido corriqueiramente alvo de grandes e pequenos conflitos. Em meio a este conturbado cenário urge a necessidade de nos dispormos a suplantar os obstáculos das diferenças dogmáticas em prol daquilo que é o teor de uma verdadeira mensagem religiosa, desafiando-nos a comungar o que de mais valioso pode haver na religião, constrangendo-nos a pregar e viver a paz e o amor.
Altruísmo, alguém sabe o que quer dizer? A resposta seria mais fácil se a pergunta fosse a respeito de metas pessoais, prazer, satisfação, realização, sonhos, projeto de vida. Mas, altruísmo... altruísmo, realmente está em desuso e, conforme os princípios de Darwin, enfadada a extinção. Tudo porque, quando crianças, os homens acreditam que o universo gira em torno deles. Os pais são seus, a casa, as ruas, a terra e as estrelas são todos seus e feitos para si. Crescem, amadurecem, envelhecem, mas não aprendem. Não aprendem que a vida não tem um fim em si mesma; que o sentido de viver é servir.
Muitos são, hoje, os seguimentos religiosos existentes no Brasil e no mundo. Tão grande quanto o número de religiões são os seus conflitos, frutos da intolerância, da falta de caridade, do fundamentalismo e de interesse econômicos.
INTOLERÂNCIAIndivíduos não foram feitos para as religiões, as religiões é que foram feitas para os indivíduos, para ampará-los, conforta-los e acolhe-los sem discriminação. Para a verdadeira religião, não importa amar apenas os sãos, mas principalmente os enfermos, excluídos e discriminados que a ela venham ou mesmo deixem de vir.
FALTA DE CARIDADEA grande contradição deste tema se dá, justamente, ao tratarmos da falta de caridade entre aqueles que subsistem através da propagação da caridade. Ou seja, dependem do discurso da caridade para a sua subsistência, porém efetivamente não a buscam na convivência. A caridade é o amor que leva alguém a realizar boas obras sem esperar absolutamente nada em troca. Quando tratamos de caridade estamos falando de um amor verdadeiro, ativo ainda que não correspondido. Todas as religiões subsistem-se dessa mensagem. Vive-la, não seria a solução para todos os conflitos?
FUNDAMENTALISMOO Fundamentalismo religioso está presente em todas as religiões. Seus dogmas estão, para seus adeptos, acima de qualquer ciência, lógica, bom censo e até mesmo acima da própria vida humana. Apesar de que quando nos referimos ao fundamentalismo logo pensamos em grupos extremistas, o fundamentalismo não se restringe a esses. Muitas seitas religiosas ou mesmo indivíduos, cada qual em sua devida dimensão, também vivem o fundamentalismo quando discriminam outro indivíduo ou grupo por não crerem ou pensarem conforme seus fundamentos.
INTERESSES ECONÔMICOSOutro fator de conflito em que a religião está ataviada é a questão econômica. Existe muita coisa em jogo quando o assunto é a economia religiosa. Nele está envolvido toda uma questão de força política e poderio econômico do qual ninguém se dispõe a abrir mão. Assuntos de cunho relativo à fé são discutidos e dirigidos sob o prisma político-monetário, maquiavelicamente, onde o que realmente interessa é a manutenção do poder. É em nome desse poder que alianças são feitas ou desfeitas e o amigo de hoje torna-se inimigo, amanhã.
CONCLUSÃOO caminho da construção da paz se dá na comunhão do fundamento essencial de uma religião que realmente religa, o amor. Isso compreende o respeito à individualidade, às diferenças religiosas e culturais e à liberdade de expressão. Compreende também em se ter a vida e o ser humano acima dos dogmas fundamentalistas. Compreende a disposição de fazer o bem sem olhar a quem, nem olhar o quanto isso possa gerar ônus ou bônus para si, de forma altruísta. E por falar nisso, altruísmo, alguém sabe o que quer dizer? Quando aprendermos, teremos sempre uma feliz páscoa.