À virgem foi anunciada a concepção do Filho de Deus. Mesmo sem compreender como isso se daria e arriscando sua reputação, ela se dispôs como verdadeira serva de Deus e aceitou todas as conseqüências que tal decisão acarretou sobre si. Assim, se alegrou no nascimento do salvador, se orgulhou no menino que crescia em sabedoria e graça, confiou no futuro promissor do jovem galileu, sonhou com o Reino anunciado nas palavras do Mestre. Mas como a vida não é só bonança, sofreu pelo sofrimento de seu filho, sem o deixar só em momento algum de sua via sacra; chorou aos pés da cruz, sem desacreditar que o crucificado era o Rei e a cruz seu trono. E para quem viveu tão ardorosa via, quão mais prazeroso é o jubilo da ressurreição!
Dias antes daquele suplício, entrava Cristo em Jerusalém. Em brados de alegria, gritava aquela gente: “Bendito o que vem em Nome do Senhor”. Concebiam também, eles, o mesmo Cristo que Maria havia concebido. Todavia, Cristo... ah, esse não teria deles a mesma fidelidade recebida dela. Alguns dias depois, as mesmas vozes que cantavam “hosana ao Rei”, gritariam “crucifiquem-no”.
Hoje, uma geração que nega sua cruz, sua história e seus mártires; que pensa que cristianismo é conquista material, riquezas e poderes; que não se dispõe a reinar com Cristo na cruz, que não sabe o valor da cruz, nem o poder do crucificado, não pode, de forma alguma, entender o valor da ressurreição, nem se regozijar de verdade em sua glória.
Diante de tão grande degradação espiritual, não é de se admirar que até os que se dizem cristãos não percebam quão precioso tesouro é a páscoa e todas as demais graças cristãs entesouradas em nossa liturgia. Muitos realizam em suas igrejas todo tipo de festas, algumas de conotações judaicas, outras oriundas de mero apelo comercial, enquanto o tesouro cristão é renegado ao esquecimento, a ponto que, em algumas igrejas, falar de quaresma, páscoa ou advento, é coisa do capeta! Pobres criaturas... Estão trocando Cristo por Barrabás!
A Igreja de Cristo é como uma arca do tesouro. Tal qual Jerusalém e Maria que com alegria conceberam o filho de Deus em seu interior. Entretanto, tal qual Jerusalém, essa mesma igreja, não poucas vezes, rejeita seu tesouro trocando-o pelos barrabases dos modismos, oba-obas, barganhas e evangelhos em liquidações. Até quando?!
Tal qual Maria, sejamos nós a arca que contém o mais precioso tesouro e o revela ao mundo sem dele se envergonhar, anunciando-o a tempo e fora de tempo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na cruz e na ressurreição. Pois só quem participa de sua morte, se alegrará em sua vida.
“Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição” (Romanos 6.5).
Que a páscoa nos seja muito feliz.
Caríssimo Reverendo Júlio, parabéns pelo comentário sobre o grande Mistério de nossa fé, a ressurreição de Jesus nosso Senhor e a cada celebração eucarística Jesus renova essa passagem tornando-se alimento de vida Eterna, Ele o Divino Mestre fez da cruz o seu trono,com sua morte vence o pecado e com sua ressurreição vence a morte que agora não é mas o fim e sim a passagem com Cristo e em Cristo para a vida Eterna.Devemos pois estar preparados para ela.
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